A vida e a obra de Machado de Assis, ícone da Literatura Brasileira, contadas em áudios com vozes reproduzidas por Inteligência Artificial, em uma rota literária inédita pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro

A Rota Literária Machado de Assis promete fazer o ouvinte voltar no tempo, em uma cidade inspirada por versos, crônicas e contos daquele que é considerado o maior escritor do país. Uma jornada em que a Literatura e a História se encontram no coração do Rio de Janeiro

 

As nove narrações em áudios trazem as vozes de personagens recriadas por Inteligência Artificial e estão disponíveis em dois idiomas: português e inglês. Vozes narram com saudosismo os lugares por onde o escritor não só viveu como também ambientou suas narrativas. O que será que o Bruxo do Cosme Velho, como era conhecido, pensaria sobre essas experimentações que eternizam o tempo assim como suas obras?

 

Academia Brasileira de Letras

A Rota se inicia na centenária Academia Brasileira de Letras, uma das mais importantes instituições da Cultura e da Literatura Brasileira. Inspirada na Academia Francesa, foi fundada pelo próprio Machado de Assis em 1897, que também veio a ser o primeiro presidente, eleito com unanimidade pelos demais integrantes. E ganhou do governo francês um lindo prédio, uma réplica do Petit Trianon de Versailles. 

Logo na entrada, reverenciando o autor negro mais lido em todo o mundo, está a escultura de Machado de Assis, e no seu interior, lustres de cristais e peças em porcelana de valores inestimáveis. Nas salas temáticas é possível conhecer mais sobre a vida de Machado e grandes nomes da literatura no Brasil, suas histórias e acervos, além, claro, das 40 cadeiras dos membros efetivos e perpétuos. Ao chegar na histórica ABL, clique aqui para ouvir mais dessa história.

Estátua em homenagem a Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras

Homenagem à Machado de Assis

 

Praça Poeta Manuel Bandeira

Seguindo a Rota Literária, caminhando em direção à Praça Poeta Manuel Bandeira, é possível avistar a escultura desse que foi, além de poeta, um crítico literário, professor e tradutor, sendo parte da geração moderna da semana de 1922. Manuel Bandeira (1886-1968) é autor do famoso “Vou-me embora pra Pasárgada” e dá nome à praça formada pela interseção da Rua Santa Luzia com a Avenida Presidente Wilson.

Uma curiosidade é que o mar chegava até esse local que, anteriormente, era chamado de Praia de Santa Luzia. Com os aterramentos e as obras de expansão da cidade, hoje abriga a Praça em homenagem ao poeta. Nas suas crônicas “Antonieta Rudge” e “Machado de Assis”, Manuel Bandeira faz uma homenagem ao escritor de quem era um profundo admirador. Machado, por sua vez, gostava tanto da charmosa e antiga praia que escreveu o conto “Filosofia de um Par de Botas”. Ouça um trecho do conto aqui.

 

Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro

Um pouco mais à frente está localizado o Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro. Mas, o que ele tem a ver com o renomado Bruxo do Cosme Velho? Os bons observadores vão reparar em uma singela placa. Nela consta que ali foi uma das residências onde morou Machado de Assis e a sua esposa Carolina. Eles viveram neste endereço, no antigo número 54, entre 1871 e 1874. Ao identificar a placa, ouça mais sobre essa história.

Fachada do edifício com placa de Machado de Assis

Placa sobre a antiga residência de Machado de Assis.

 

Rua Evaristo da Veiga

Seguindo a Rota Literária que nos leva aos caminhos de Machado de Assis pelo Centro do Rio, ao se dirigir à Rua Evaristo da Veiga no encontro com a charmosa Avenida Rio Branco, surge o nostálgico cenário de “A Cartomante”. A antiga Rua dos Barbonos, assim chamada por causa dos frades capuchinhos (também chamados barbonos pelas vistosas barbas), foi um local de importante passagem, conectando a atual Cinelândia – anteriormente chamada de Campo da Ajuda – à região de Santa Teresa.

No conto, Machado retrata a rota de fuga dos amantes. Sem querer dar spoiler, a história termina em uma grande tragédia, um tipo de desfecho muito explorado pelo autor nas suas obras, assim como o tema do adultério dentro do casamento arranjado. Quer saber mais sobre esse drama envolvente? Aumente o som e confira aqui. 

 

Confeitaria Colombo

Mais um pouco à frente, a Confeitaria Colombo traz o requinte e a elegância do início do século 20. Cenário de um importante período da construção da cidade, era o ponto de encontro de grandes artistas, intelectuais e políticos. Nomes como Machado de Assis, Chiquinha Gonzaga, Getúlio Vargas, Rui Barbosa, Villa-Lobos, Lima Barreto, Olavo Bilac, José do Patrocínio e até a Rainha Elizabeth já passaram por lá. Quando estiver tomando um saboroso café, aproveite para voltar à Belle Époque carioca clicando aqui.

Fachada Confeitaria Colombo

Confeitaria Colombo

 

Teatro João Caetano

Após essa pausa nostálgica, que tal seguir até um palco muito especial na obra de Machado de Assis? O Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, é a casa de espetáculos mais antiga do Rio. Inaugurada com o nome Real Theatro de São João, em 1813, por Dom João VI, também foi cenário de importantes acontecimentos históricos do país.

 

Praça Tiradentes

A Praça Tiradentes, localizada quase em frente ao Teatro, teve a sua maior intensidade cultural no século 19, sendo ocupada por intelectuais e artistas, entre eles Machado de Assis e Chiquinha Gonzaga. Da estátua de João Caetano é possível contemplar a Praça revivendo – e ouvindo – um pouco das recordações e inspirações de Machado nesses lugares.  

 

Real Gabinete Português de Leitura

Logo ali bem pertinho, um cenário de tirar o fôlego em uma das bibliotecas mais belas do mundo. Com quase 200 anos de muita dedicação à Literatura Portuguesa, o Real Gabinete Português de Leitura abriga mais de 350 mil obras, sendo a única instituição fora de Portugal autorizada a ser um “depósito legal” de obras do país. Nos salões, há uma placa em homenagem a Machado de Assis e um exemplar autografado pelo autor de “Tu só tu, puro amor”, encomendada especialmente pelo Real Gabinete ao autor. Aproveite para apreciar algumas memórias. 

Placa de Machado de Assis no Real Gabinete Português

Real Gabinete Português

 

Rua do Ouvidor

Agora responda: qual rua do Centro do Rio foi mais inspiradora para Machado de Assis? Difícil dizer. Mas, personagens como Bentinho, em “Dom Casmurro” foram inspirados nos ares parisienses da requintada Rua do Ouvidor. Antigo ponto de encontro de intelectuais, artistas e pessoas renomadas da sociedade, ali era o lugar que ditava as modas da Belle Époque carioca. 

Além da primeira sessão da Academia Brasileira de Letras, com a presença de Machado de Assis, ter acontecido nessa rua, na sua obra “Tempo de Crise” (1873) observou a rua como um rosto eloquente da cidade, prevendo a frieza das multidões modernas. A Rua do Ouvidor guarda ainda hoje o seu charme, pois continua sendo um importante local no dia a dia da cidade, efervescente ponto de vivências que reflete suas complexidades urbanas e humanas. Saiba mais aqui sobre a importância da Rua do Ouvidor para o autor.

 

Capitu Bar

Por fim, após roteiro de tantas memórias, histórias e curiosidades sobre as andanças do genial Machado de Assis pelas ruas centrais do Rio de Janeiro, a nossa última parada é em um local contemporâneo, mas que revive a nostalgia da boemia carioca com uma boa gastronomia. O Capitu Bar, que leva o nome da personagem mais famosa do escritor, realiza diversos eventos e brinda o legado deixado pelo Bruxo do Cosme Velho para a literatura universal. Realize o desfecho desse roteiro com uma mensagem especial. 

Interior do Capitu Bar

Capitu Bar, Restaurante e Casa de Cultura

 

A Iniciativa Rotas Literárias – Machado de Assis – O Rio de Machado foi desenvolvida pela QMTL – Que Mais Tem Lá? em parceria com o Ouça a Cidade e conta com o apoio do Embratur Lab e Turistech Hub.

 

Dica da Que Mais tem Lá?

 

Para uma imersão completa na História do Rio de Janeiro, conheça na QMTL o roteiro “Pequena África: o Circuito da Herança Africana no Rio de Janeiro”

Conheça também O Rio de Janeiro e a Literatura: a cidade que é poesia – e prosa” e saiba como a cidade inspira autores que retratam histórias nos mais diversos bairros e contextos sociais. 

 

Texto elaborado por Carolina Grimião, carioca raiz, atua no Carnaval há mais de 15 anos e possui suas atividades voltadas para o Samba, Carnaval, Cultura Popular, Mídia e Cidade. Carolina é mestra em Comunicação Social, Professora, Jornalista, Historiadora e Psicopedagoga.

Editado por Wans Spiess.

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